© Rita Draper Frazão

Inner Tour is a blog about People, Arts and Traveling by Rita Draper Frazão.
If you want to use my work, presented here, please send me a message.

10.07.2024

Eduardo Souto de Moura

Eduardo Souto de Moura © Rita Draper Frazão


Hoje é o dia mundial da arquitectura. No momento crítico no que toca ao tema da habitação em Portugal e, tendo eu família de arquitectos, assinalo esta data, com algo sobre o arquitecto Português Eduardo Souto de Moura que, em 2011 ganhou o prémio Pritzker (distinção máxima na Arquitectura).

Da nossa intersecção, surgiu este retrato. Desenhei o seu corpo como um edifício. Pensei nos ângulos e nos recortes tão típicos do seu olhar, que sempre enquadra a natureza e a paisagem circundante, como se de uma pintura em movimento se tratassem. Cinema em acontecimento local. Passeando com firmeza e humor entre o antigo e o futuro amanhã. O contraste entre a natureza e o cimento (preto e branco no desenho). A geografia e as paredes dos afectos. Encaixando legos, quais puzzle-esculturas de pedra, madeira e metal na linha do tempo, na natureza e nas nossas vidas (as peças que compõem o seu corpo no desenho). A abstracção de quem vê perto e em detalhe o que é só nosso e o que é de todos. O egóico prazer de criar no plural, em modo superlativo.

Como seriam um indivíduo edificante, uma casa em modo pessoas, um campo onde aterram casas, uma cidade onde a poesia dança com a história, a filosofia e outras artes? A resposta a todas estas perguntas poderia confluir no trabalho de Souto de Moura. 


Eduardo Souto de Moura's drawing for me.

Aqui fica também o desenhado abraço que me dedicou.

Dedicado ao meu Pai.


English translation below.


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Today's the World Architecture Day. Considering the critical moment regarding the issue of housing in Portugal and, having a family of architects, I mark this date, with something about the Portuguese architect Eduardo Souto de Moura who, in 2011, won the Pritzker prize (maximum distinction in Architecture).

From our intersection, this portrait emerged. I drew his body like a building. I thought about the angles and cut outs, so typical of his look, which always frames nature and landscape around, as if they were a moving painting. Cinema at a local event. Strolling with firmness and humor between the ancient and the future tomorrow. The contrast between nature and cement (black and white in the drawing). Geography and the walls of affections. Fitting legos, like stone, wood and metal puzzle-sculptures into the timeline, nature and our lives (the pieces that form his body in the drawing). The abstraction of those who see close and in detail what is only ours and what belongs to all of us. The egoic pleasure of creating in plural, in superlative mode.

What would an edifying individual, a house in people mode, a field where houses land, a city where poetry dances with history, philosophy and other arts be like? The answer to all these questions could come together in Souto de Moura's work.

Here's also the drawn hug he dedicated me.

Dedicated to my Father.

10.02.2024

Estudo nº 2 para Nos Rikeza | Study no. 2 for Nos Rikeza

Estudo nº 2 para Nos Rikeza | Study no. 2 for Nos Rikeza

Aqui está a parte final da série relativa aos Fogo Fogo, feita no concerto de lançamento do seu novo disco, Nha Rikeza (minha riqueza em Crioulo Cabo Veridiano) no B.leza.

Os estudos fazem parte do meu processo artístico (há uns anos fiz uma exposição só com eles) e, aqui, são também peças que associo a esta música vibrante e colorida.
Reparem que a letra A de Nos Rikeza (nossa riqueza em Crioulo Cabo Veridiano), tem a forma de uma estrela de cinco pontas, concluída pelo tracejado a negro - são estes cinco artistas-estrelinhas por detrás desta música, que é Nos Rikeza! Esta banda deu novas roupagens ao funáná e à música Cabo Verdiana, tanto quanto trouxe uma lufada de ar fresco a Portugal. Pode até não se gostar da sua estética musical, mas sobre eles, há duas coisas que nunca poderão negar: que são todos bons músicos e que a música que fazem traz alegria até às pedras da calçada! E quem não precisa disso? Em 2024 já era tempo!

Estudo nº 1 para Nos Rikeza | Study no. 1 for Nos Rikeza

Aconselho a lerem os outros textos para melhor compreenderem o que a seguir partilho. É que há coisas que, por limitações de espaço, ficaram por dizer sobre os retratos desta série:



David Pessoa: De Chelas para o Planeta | From Chelas to the Planet 


O leopardo também foi inspirado no lenço que usou. Senti o blues nele! Vejam o detalhe dos dourados.



Danilo Lopes


Em conversa, apercebi-me da sua abertura e interesse noutras culturas. Daí essa menção no texto a ele referente. Vejam o detalhe das camadas e do verniz.


Francisco Rebelo

Foi o retrato em que investi mais tempo no desenho, que ficou logo pronto no concerto. Só depois adicionei a cor.


Pull the strings: Márcio Silva (aka Edu Mundo)

Usei a palavra flexões no seu texto. Era um trocadilho em Português, entre os verbos e a energia física, duas coisas proeminentes nele.


João Gomes


Desconhecemos a autoria do seu anel-piano, mas a peça foi comprada em Londres há muitos anos e foi uma mulher que o fez. Obrigada Chico pela ajuda com a partitura do E Si Propi! Vejam o detalhe do dourado.


Mick Trovoada

A intensidade e suavidade simultâneas a tocar. África, o mundo, a dança e o jazz.

Dedico esta série "Nos Rikeza" a Liete Couto Quintal e a Andrei Khalip.

Obrigada a todos pela inspiração!

English translation below.



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Here's the final part of the series about Fogo Fogo, made at the concert-release of their new album, Nha Rikeza (my wealth in Cape Verdean Creole) at B.leza.

Studies are part of my artistic process (a few years ago I did an exhibition just with them) and, here, they're also pieces I associate
with this vibrant and colorful music.

Note that the letter A in Nos Rikeza (our wealth in Cape Verdean Creole) has the shape of a five-pointed star, concluded with a black dash line - representative of these five little star-artists behind this music, which is Nos Rikeza! This band has given a new look to funáná and Cape Verdean music, as much as it's brought a breath of fresh air to Portugal. You may not like their musical style, but no doubts about two things: that they are all good musicians and that the music they make brings joy even to cobblestones! And who doesn't need that? In 2024 it was about time!

I recommend that you read the other texts to better understand what I'm about to share below. Because there are things that, due to space limitations, were left unsaid about the portraits in this series:

David
The leopard was inspired by the scarf he wore. I also felt blues music
in him! See the golden detail.

Danilo
Talking to him, I realized his openness and interest in other
cultures. Hence the mention in the text about that. See the detail of
the layers and the varnish.

Francisco (aka Chico)
This was the portrait I invested the most time in the drawing, and it
was finished in the concert. Only later did I add the color.

Márcio (aka Edu Mundo)
I used the word "flexões" in the text about him - that means both
push-ups and inflections - as a word pun in Portuguese, between verbs
and physical energy, two prominent things in him.

João
We don't know who made his piano-ring, but it was bought in London
many years ago and made by a woman. Thank's Chico for helping me out
with E Si Propi's music sheet! See the golden detail.

Mick
The simultaneous intensity and softness playing. Africa, the world,
dance and jazz.

I dedicate this series "Nos Rikeza" to Liete Couto Quintal and Andrei Khalip.

Thank you all for the inspiration!

9.30.2024

Mick Trovoada


Pensavam que a série Nos Rikeza, acerca do concerto dos Fogo Fogo no B.leza estava concluída? Nada disso, ainda tenho mais coisas para partilhar!

Então, ficam a saber que mesmo no fim do concerto, o percussionista Mick Trovoada (aqui retratado) saltou para o palco e tocou ferro em duas músicas com os Fogo Fogo. Por essa hora, já o B.leza explodia e eu só não dançava ao som do colorido fogo de artifício porque o desenhar, ao mesmo tempo, não mo permitia. Mas vontade não me faltou!

O Mick só esteve no palco uns minutos (que foi o tempo que este retrato demorou a fazer) mas a energia e presença dele impressionaram-me tanto, que o desenho saiu na hora. Compreendo a espontaneidade do acto, mas tive pena da brevidade da sua participação. Queria mais! 

A forma do tracejado/hifen revela algo que está oculto (como na geometria), permite passagem (como nas estradas) e liga palavras (como nalgumas línguas). Tudo coisas que senti nele. A inclinação dos tracejados foi inspirada no ângulo em que ele estava a tocar (e como se toca) ferro. O tracejado, intencionalmente, não é geométrico mas é orgânico e espontâneo, como a sua participação neste concerto. O material aqui escolhido é pastel de óleo, pois queria que este trabalho também incluísse elementos plásticos.

E, tal como ele pulou do público para o palco, assim as cores da sua camisa saltaram para o meu desenho! Sendo que, eu escolho incluir determinados elementos porque vejo neles significados específicos e apropriados aos conceitos que quero veicular. Neste caso, as cores em causa são as mesmas que constituem um dos sistemas de cor mais importantes do planeta: RGB (Red Green Blue) que - entre outras considerações gráficas que não vêm agora aqui a propósito mencionar - é o sistema usado na visão, pelos olhos humanos.

E há algo de extremamente humano no Mick. A tocar, senti nele uma alegria, uma sabedoria e uma segurança que achei comoventes. Há nele raiz, humildade e simplicidade. E, citando a minha querida Mutti, as pessoas verdadeiramente grandes, são simples. Como ele!

English translation below.

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Did you think the Nos Rikeza series about Fogo Fogo's concert at B.leza was over? Not at all, I still have more things to share!

So, know that at the very end of the concert, the percussionist Mick Trovoada (portrayed here) jumped on stage and still played Ferro (a typical Cape Verdean instrument) in two songs with Fogo Fogo. By that time, B.leza was already exploding and I just didn't dance to the sound of the colorful fireworks because drawing, at the same time, didn't allow me to. But will wasn't lacking!

Mick was only on stage for a few minutes (which was how long this portrait took to make) but his energy and presence impressed me so much that the drawing came out straight away. I understand the act's spontaneity, but I was sorry for how brief his participation was. I wanted more!

The shape of the dash/broken line/hyphen reveals something that is hidden (as in geometry), allows passage (as in roads) and connects words (as in some languages). All things that I felt in him. The inclination of the dashed lines was inspired by the angle at which he was playing (and how one plays) Ferro. The dashed lines, intentionally non-geometric, are more organic and spontaneous, like his participation in this concert. The material here chosen is oil pastel, as I wanted this work to also include plastic elements.

And, just as he jumped from the audience on stage, so did the colors on his shirt bounced into my drawing! Being that, I choose to include certain elements because I find specific meanings in them that are appropriate to the concepts I want to convey. 

In this case, the colors in question are the same ones that constitute one of the most important color systems on the planet: RGB (Red Green Blue) which - among other graphic considerations that aren't apropos to be mentioned here now - is the system used in vision, by human eyes.

And there's something extremely human about Mick. While Playing, I felt in him a joy, a wisdom and a safety that I found moving. There's a lot of root, humility and simplicity in him. And, quoting my dear Mutti, truly great people, are simple. Like him!



9.29.2024

João Gomes


Este é o meu retrato de João Gomes, teclista da banda Fogo Fogo. 

Feito dandy Lucky Luke, João traz consigo uma "valise vitale" que pesa chumbo e vale ouro (dourado)! Nela, estão colaborações como por exemplo com Ana Moura, Cais do Sodré Funk Connection, Cool Hipnoise, Da Weasel, Fogo Fogo, General D, Orelha Negra, Paulo Flores, Peste & Sida, Rui Veloso, Sam the Kid, Sara Tavares, Terrakota, entre outros! 

Topa-se a léguas o seu sentido estético materializado no seu olhar, no que ele compõe e toca e na maneira como se veste. O conceito deste desenho partiu do anel que o João usou, com a forma de um piano! A razão pela qual este anel foi inspiração para este retrato, prendeu-se, com a sua forma e com o facto de ser um anel para dois dedos. Que graça, quando o João me disse que este anel só dava para tocar certos tipos de música (devido à amplitude dos dedos)! Um figurino selecto e musical, portanto! Adorei!
Comecei logo a imaginar aquele anel como um cabo jack de duas saídas. Inspirado por altitudes celestes (azul turquesa), de um lado e num sentido, aparecia o João, pelo outro, saía música. 

Algo muito representativo do seu trabalho é o balanço entre partes (nº 2) pois ele harmoniza, na música e, os seus vários intervenientes. Sempre com um bom gosto e uma linguagem que, quando se ouve, se sabe imediatamente que é dele. Como um anel-sinete que cunha o produto final.

Aqui também está presente o início da partitura do tema "E Si Propi" ("É assim mesmo" em Crioulo Cabo-Verdiano) da banda Ferro Gaita, de que os Fogo Fogo fizeram uma versão. Escolhi esta música, por fazer a ponte entre o já feito e o novo. E este desenho é, justamente, sobre as pontes que o João estabelece e as distâncias que encurta e traduz. 

Tenho a sensação de que, musicalmente, ele sabe muito bem o que quer e que se farta de se divertir a tocar. Ao mesmo tempo, há nele maleabilidade empática, afabilidade e leveza. Com o swing e a agilidade desta lenda a tocar, deslizamos para as nuvens, numa privilegiada ligação directa a outra dimensão. Música para os nossos ouvidos! 

English translation below.

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This is my portrait of João Gomes, keyboardist of the band Fogo Fogo.

Like a dandy Lucky Luke, João brings with him a "valise vitale" that's a heavy weight and is worth gold! In it are collaborations such as with Ana Moura, Cais do Sodré Funk Connection, Cool Hipnoise, Da Weasel, Fogo Fogo, General D, Orelha Negra, Paulo Flores, Peste & Sida, Rui Veloso, Sam the Kid, Sara Tavares, Terrakota, among others!

One can tell a mile away about his aesthetic sense materialized in his gaze, in what he composes and plays and in the way he dresses. The concept of this drawing came from the ring that João wore, with the shape of a piano! The reason why this ring was the inspiration for this portrait, was due to its form and the fact that it's a ring for two fingers. How funny, when João told me that this ring was only suitable for playing certain types of music (due to the width of the fingers)! A selective and musical look, therefore! Loved it! 
I began right away to imagine that ring as a two-way jack cable. Inspired by celestial altitudes (turquoise blue), from one side and in one direction, João appeared, from the other, music came out. 

Something very representative of his work is the balance between parts (nº 2) as he harmonizes, in the music and, its different players. Always with a good taste and a language that, when one hears it, one immediately know it's his. Like a signet ring that coins the final product.

Here's also present the beginning of the score of the theme "E Si Propi" ("It's like that" in Cape Verdean Creole) by the band Ferro Gaita, of which Fogo Fogo made a version. I chose this song because it bridges the gap between what's already been done and what's new. And this drawing is precisely about the bridges that João establishes and the distances that he shortens and translates.

I have the feeling that, musically, he knows very well what he wants and that he has a blast playing. At the same time, there's empathic malleability, affability and lightness in him. This legend's swing and agility playing, teleport us to the clouds, in a privileged direct connection to another dimension. Music to our ears!


Pull the strings | Márcio Silva aka Edu Mundo


Pull the Strings © Rita Draper Frazão

Pull the strings entitula o meu retrato de Márcio Silva (aka Edu Mundo), o baterista da banda Fogo Fogo.

Ainda este desenho não estava concluído, e já eu sabia o seu título. A expressão Inglesa "pull the strings" (qualquer coisa como mexer os cordelinhos) brinca com o seu poder de iniciativa e capacidade de pressionar acontecimentos.

Usei ecolines, que é uma tinta translúcida (ser-se sem filtros) e fluente, como o Márcio.
Baseada no que senti nele, escolhi este conjunto de cores contrastantes, pensando num âmbito de coisas para as quais cada uma aponta. Escolhi o verde para simbolizar o seu idealismo, filosofia e generosidade. O trabalho e a ambição de chegar ao topo da montanha para ver a paisagem em grande plano. O amarelo preconiza o seu espírito genial, a sua enorme capacidade mental. Flexões de futuro luminoso e orelhudo. A velocidade do ar. O encarnado personifica a sua enorme energia vital, a acção. As ganas a tocar e a urgência de ser ouvido. O azul representa a noite, a poesia e os sonhos. A experiência de se ser diferente e solitário no meio da multidão. O peso do escuro e do fundo das coisas.

É que Márcio é intensa voragem, do mundo e de marte. Olhos com avidez em cima do campeonato do conhecimento. Muitos que é, muitas coisas que busca. Batendo tempos, qual ginástica rítmica (as fitas de cores). O empurrão de quem elevou o conteúdo, frente aos factos, em busca da raiz, de uma verdade já, crua, inesperada, desafiante, mas sempre enriquecedora. Testando os limites, os compassos e as regras com jovialidade e humor caustico. O circular e muscular exercício da r-evolução. Flexões do infinito pessoal.

Aqui não há corpo, chão, nem linha do horizonte, porque estas fitas são tanto direccionamento, sustentabilidade e sustento como a falta de tudo isto: coisas que moldam a personalidade e originam novos caminhos de vida.

Diferentes direcções (orientações e cores das fitas) que o provocam e o suportam com a pressa de um vento obsessivo e obstinado.

Das entranhas, cá dentro, até lá acima, no alto, ouvimos a sua alegria e isso muda-nos o dia.

English translation below.

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Pull the strings entitles my portrait of Márcio Silva aka Edu Mundo, the drummer of the band Fogo Fogo. Edu Mundo's a word pun that means something like Ed from the world.

This drawing wasn't finished yet, and I already knew its title. The English expression "pull the strings" plays with Márcio's power of initiative and ability to pressure events.

I used ecolines, which is a translucent (being without filters) and fluent paint, like Márcio.
Based on what I felt about it, I chose this set of contrasting colors, thinking about a range of things that each one points to. I chose green to symbolize his idealism, philosophy and generosity. The work and ambition of reaching the top of the mountain to see the landscape in close-up. Yellow advocates for his genius spirit, and huge mental capacity. Luminous and eared future inflections. The speed of the air. The red personifies his enormous vital energy, and action. The vigorous will to play and the urgency to be heard. The blue represents the night, poetry and dreams. The experience of being different and lonely amongst the crowd. The weight of the dark and the depth of things.

As Márcio's an abyss, from the world and from Mars. Eager eyes on top of the game of knowledge. Many he is, many things he seeks. Beating beats, like rhythmic gymnastics (the colorful ribbons). The push of those who elevated the content, in the face of facts, in search of the root, of a truth now, raw, unexpected, challenging, but always enriching. Testing limits, music bars and rules with joviality and caustic humor. The circular and muscular exercise of r-evolution. Inflections of the personal infinity.

Here there is no body, ground, or horizon line, because these ribbons are as much routing, sustainability and sustenance as they are the lack of all of these: things that shape a personality and give rise to new paths of life.

Different directions (orientations and colors of the ribbons) that provoke and support him with the rush of an obsessive and obstinate wind.

From the depths, inside, up until high in the sky, we hear his joy and that changes our day.




9.28.2024

Francisco Rebelo



Aqui está o meu retrato do Francisco (aka Chico) Rebelo, baixista da banda Fogo Fogo.

O desenho é a base das artes visuais, e neste trabalho, isso foi algo que tive em conta, já que o Chico é estrutura basilar em toda a música de que faz parte.

E têm sido muitas e bem conhecidas do grande público, as bandas e os discos em que colaborou e que fizeram história na música em Portugal. Colaborou, por exemplo, com Mind Da Gap, Radio Macau, Hipnótica e Sam the Kid e faz parte de bandas como os Cool Hipnoise, Micro Audio Waves, Cacique 97, Cais do Sodré Funk Connection, Orelha Negra, e claro, Fogo Fogo. Tanto balanço e groove que nos tem dado!

É também um profundo conhecedor na área técnica do som. No dia do concerto, testemunhei o cuidado com que estava a ensinar o seu filho Benjamim, que está a começar a ingressar nestas andanças.

Com toda a sua experiência e sendo discreto, o Francisco tem a rara característica num artista, de se destacar sem ter que ser espalhafatoso. É o que acontece quando se trata de um músico com a notável solidez e segurança dele.

A cor distrai, mas o Chico é extremamente observador. Esse foi um dos motivos pelas quais, propositadamente, não quis carregar na policromia, aqui.

A representação do baixo é estilizada e livre de ruído visual pois a maneira do Chico tocar é limpa e inequívoca. Também pensei no seu tocar incisivo como um passaporte ou uma via aberta para viagens (reparem como o braço do baixo e a alça que o sustem formam um ângulo aberto). O Chico adora viajar, o que me leva a fazer um paralelo relativo à sua enorme amplitude musical. Tiro-lhe o chapéu!

E por falar em chapéu, este que vêm no retrato, foi um trabalho personalizado feito pela Sofia Carlos, do Avo Atelier. A Sofia conta histórias pessoais através do seu trabalho. Nesta peça, incorporou elementos referentes ao gosto do Chico por viagens, nomeadamente a tira do chapéu que é feita com bilhetes de comboio bordô. Aludindo a este adereço e ao seu gosto por viagens (aqui representados pelos tais bilhetes), a cor do contorno do baixo estava escolhida!

English translation below.


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Here's my portrait of Francisco (aka Chico) Rebelo, bassist of the band Fogo Fogo.

Drawing is the basis of visual arts, and in this work, this was something I took into consideration, since Chico is a structural base in all the music he's part of.

And there have been many, and well-known to the general public, the bands and albums in which he collaborated and in which they made history in the music scene in Portugal. He collaborated, for example, with Mind Da Gap, Radio Macau, Hipnótica and Sam the Kid and is part of bands such as Cool Hipnoise, Micro Audio Waves, Cacique 97, Cais do Sodré Funk Connection, Orelha Negra, and of course, Fogo Fogo. So much balance and groove has he given us!

He's also deeply knowledgeable in the technical area of ​​sound. On the day of the concert, I witnessed the care with which he was teaching his son Benjamin, who's beginning to embark on these journeys.

With all his experience and being discreet, Francisco has the rare characteristic in an artist of standing out without having to be loud. That's what happens when we're talking about a musician with his remarkable solidity and confidence.
Color is distracting, but Chico is extremely observant. This was one of the reasons why, on purpose, I didn't want to overload polychromy here.

The representation of the bass is stylized and free from visual noise because Chico's playing is clean and unambiguous. I also thought of its incisive playing as a passport or an open road for travel (notice how the bass neck and the strap that supports it form an open angle). Chico loves to travel, which leads me to make a parallel regarding his enormous musical range. Hats off to you!

And speaking of hat, the one in the portrait was tailor-made by Sofia Carlos, from Atelier Avo. Sofia tells personal stories through her work. In this piece, she incorporated elements relating to Chico's love for travel, namely the hat strap made from burgundy train tickets. Alluding to this accessory and his taste for travel (here represented by these tickets), the color of the bass outline was chosen!



9.27.2024

Danilo Lopes

 


Este é o meu retrato de Danilo Lopes, um dos vocalistas e guitarristas da banda Fogo Fogo.

Deveria dar para ver por aqui, pela cara dele, como o Danilo sente muito. 

Ele deu-me complexidade. Isso levou-me a criar o mais trabalhoso fundo de retrato desta série. Posso dizer-vos que não foram horas, mas vários dias de trabalho para o concluir!

A roupa que usou no concerto tinha muitos padrões, cores e desenhos que me inspiraram e serviram de metáfora para o que eu queria expressar sobre ele. Seguidamente, partilho as analogias relativas às cores, formas, estética e materiais deste desenho.

Este retrato tem uma componente plástica (expressa através das tintas, pintura, e cores), pois há nele algo de divertido, que brinca e ri.

Penso nas línguas e culturas de Danilo. Requer capacidade de adaptação e regeneração. Nesse sentido, ao criar um sinuoso percurso da malha deste fundo, pensei na transmutável pele e percurso ondeante de uma serpente. 

A primeira camada do fundo, com as múltiplas cores a lápis de cera, visa o ser intuitivo e aberto ao mundo que ele é.

As riscas nas suas meias e o ter-me feito sentir em casa, influenciaram as escolhas para a segunda camada de riscas feita com tinta de parede branca usada em casas.

A terceira camada, com a grelha a caneta preta, foi inspirada nas gregas do seu colete preto e pisca o olho a algo de esquemático nele. Esquema, leva-me logo para padrões, jogos de xadrez e geometria, como entendimento do que nos rodeia. Além disso, o uso do preto, aqui, também simboliza a energia bruta(l) do carvão, um rouco cabedal, e o rock a rasgar que senti nele. 

Além disso, o Danilo é doce. Por isso, a quarta camada com as flores e folhas a tinta dourada foi baseada nisso, no seu colete, nas bolas de sabão, no mel e nas flores que dele recebi.

Inspirado no brilho dele e nas costas em cetim do seu colete, surgiu a quinta camada, em verniz brilhante.

Resumindo, o Danilo é uma força da natureza para vários gostos: é dia de sol, mar profundo, carvão, poço, escorrega e plasticina, tudo ao mesmo tempo!

English translation below.


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This is my portrait of Danilo Lopes, one of the vocalists and guitarists of the band Fogo Fogo.

One should be able to tell here, by his face, how Danilo feels deeply.

He gave me complexity. That led me to create the most labor-intensive portrait background in this series. I can tell you that it took me, not hours, but several days of work to finish it!

The clothes he wore in the show had many prints, colors and designs that inspired me and served as a metaphor for what I wanted to express about him. Next, I share analogies regarding the colors, shapes, aesthetics and materials of this drawing.

This portrait has a plastic component (expressed through paints, painting, and colors), as there is something fun about him, that plays and laughs.

I think about Danilo's languages ​​and cultures. It requires the ability to adapt and regenerate. Regarding this, when creating a sinuous path from the mesh of this background, I thought about the transmutable skin and undulating path of a snake.

The first layer of the background, with multiple colors in crayons, aims the intuitive being open to the world that he is.

The stripes on his socks and making me feel at home influenced the choices for the second layer of stripes made with white wall paint used in houses.

The third layer, with the black pen grid, was inspired by the greeks in his black vest and winks at something schematic about him. Scheme immediately takes me to patterns, chess games and geometry, as an understanding of what surrounds us. Furthermore, the use of black here, also symbolizes the brut(al) energy of coal, a hoarse leather, and the ripped rock I felt in him.

Plus, Danilo is sweet. Therefore, the fourth layer with the flowers and leaves in gold paint was based on that, his vest, the soap bubbles, the honey and the flowers I received from him.

Inspired by his shine and the satin back of his vest, the fifth layer emerged, in glossy varnish.

In short, Danilo is a force of nature for many tastes: he's a sunny day, deep sea, coal, well, slide and plasticine, all at the same time!